23.2.10

Sobre a Amizade

O tema sempre pareceu-me frugal, sempre muito especial, e importante, mas sem maiores dificuldades... contudo, tenho percebido com a vivência, sim, pois amizade é essencialmente algo que se prova vivendo, e minha vivência me tem feito refletir sobre as verdades que cercam esse tema.

A minha principal conclusão é que não há verdade verdadeira no tocante à amizade... amizade deveria ser amor, e por isso mesmo, não balizada por regras férreas.
Uma coisa no entanto tem-me tirado o sono: depois de um litígio com uma amiga muito amada percebo que não é muito verdade que não temos regras férreas para a amizade.

Cada um, cada singular pessoa, tem sua regra que não deverá jamais ser infringida, burlada, regra que o descumprimento não será perdoado, mas insisto na pergunta... isso tem a ver com a amizade ou diz respeito a uma limitação da pessoa, do amigo que ao final não era tão amigo. Devo parecer um canalha, mas canalha somos um pouco todos, ao fazer este questionamento, pois provável e possível que me esteja justificando.

Vamos fantasiar com nossas perguntas no meu mundo maravilhoso... quando digo que fui traído, o fui verdadeiramente, ou só limitei o raio de ação da pessoa que estava próxima??? Demasiado injusto.

Quando ofendi, ofendi de verdade ou só não fui capaz de falar o que me queriam ouvir??? Absurdo.
Qual o limite em se dizer sim a tudo e fazer somente o que se pode?
Minha liberdade vai até onde a tua termina ou não posso ser limitado nem mesmo pela liberdade dos outros?

Amiga, que sei jamais lerá isso, onde estávamos e onde chegamos??? É possível descer do Olimpo diretamente ao Hades? As parcas nos cortaram um da história do outro definitivamente?
Tenho medo de perguntar ao passado sobre o que nos reservava o futuro, mas o presente não me diz nada. Fica mudo e eu aponto o dedo.

Sobre desejos...

O mundo é estranho e engraçado, quando não se emputece e resolve ser desgraçado e trágico. Vejam que estou falando isso unicamente porque vivo uma singularidade e vejo as coisas sobre um primas bem particular, o prisma de quem espera o futuro, o por vir.

Em algum momento de minha vida decidi que estudar era a prioridade, resolvi que a cultura, a erudição, as letras e a história eram o que importavam. Hoje chego aos 30 anos sem saber fazer nada de prático, nada que sirva ao mundo capitalista. Sou bom de ler e escrever, mas não bom e prático, sou bom do tipo que disso gosta e que isso faz com prazer e sem titubeios. Ler e escrever são antes de tudo um prazer, mas e se isso virasse profissão, será que meu empenho seria o mesmo? Gosto de ler por deleite, escrevo com prazer, mas e se isso fosse meu ganha pão, seria maravilhoso ou trágico?

Sei que ganhar a vida trabalhando por deleite é privilégio de uma minoria anônima, pois quem recebeu essa graça tem mais é que ficar quieto no seu canto, mas isso não me pode impedir de desejar essa benesse.

Mas se o gênio da lâmpada me aparecesse e dissesse que eu tinha um único desejo e que deveria ser um trabalho, eu ainda assim escolheria um que não me daria deleite: pois eu seria um gênio de lâmpada.

14.2.10

Sobre planos de dominação do mundo...

Eu tenho um plano de dominação do mundo... e penso que o mundo precisa ser dominado. Quando falo da dominação do mundo, atenção caros amigos, que não se lhes venha à cabeça uma tomada de assalto à Casa Branca, até porque tendo a simpatizar com seu atual ocupante; não pensem também em mim escalando um grande arranha-céu e gritando lá do alto: I'm king of the world; nada disso. Eu quero dominar o mundo possível, o mundo que me esta ao redor.

Dominar o mundo é a metáfora que utilizo pra dizer que preciso vencer ou serei vencido, mas todos temos um mundo a ser dominado, todos absolutamente precisamos vencer.

Percebi, no entanto, que meu intento de dominar o mundo não depende somente de mim, dominar o mundo é uma árdua tarefa que por vezes exige combater gente que não se imaginava, queriam o mesmo pedaço de mundo que me apetece, que nos apetece; e isso é um problema, pois há mundos a serem dominados por todos, cada um deveria ter sua batalha própria. Mas há aqueles, infelizes bem camuflados, que decidem que seu mundo a dominar será sempre o mundo de outrém. Depois de algum tempo o mundo a dominar de algumas pessoas vira o não deixar que outros dominem mundo algum. Contra estes, nossa guerra deve levar à aniquilação, pois eles constituem perigo eminente à felicidade mais geral.

Um mundo, mas tu podes entender também como sonho, desejo, objetivo quem sabe, um mundo não se conquista sentado no banco de um praça assistindo como espectador passivo, a vida que passa. Precisamos de planos de ataque, sejam os gerais, sejam os específicos, precisamos de instruções de curto, médio e longo prazo, precisamos de aliados e de um número mínimo de inimigos declarados, pois os inimigos ocultos, jamais saberemos. Para dominar o mundo que no pertence, ou deveria pertencer, precisamos da coragem de querer, mas principalmente da força de não desistir depois das primeiras 100 batalhas perdidas e dos primeiros 10 anos de planos fracassados!

10.2.10

Sobre "e se fosse"...


E se fosse um item de geladeira, o que ele seria? E se ela fosse um personagem Marvel, qual seria? E sendo um cheiro ou aroma, qual seria?

Eu sempre brinquei deste jogo que se chama "e se fosse", mas confesso que o que eu queria mesmo era saber o que meus amigos me atribuiriam... tipo, se eu fosse um item de geladeira, qual eles pensariam: um queijo ralado envelhecido, que mesmo com gosto de sabão, muda aquele intragável macarrão de três dias em um prato ao menos aceitável, ou uma batata velha, que a gente sempre acha que dá pra usar mais tarde, até que um dia percebe que esta podre?

Neste post pensei em dizer o que eu me imagino ser e ainda dizer o que seriam alguns amigos amores:

Se eu fosse um personagem Marvel, seria a Vampira, mesmo se eu gostaria mesmo era de ser o Homem de Gelo. Já a Angélica seria o professor X, sempre tomando conta dos outros e orientando.

Se eu fosse um item de geladeira, seria um cubo de caldo de galinha, pois serve pra muitas coisas, mas é dispensável na maioria das vezes, já a Suelem seria um pote de sorvete de chocolate ao rum, pois há quem diga que não gosta, mas faz a alegria dos que conhecem.

Se eu fosse um perfume, seria seguramente o aroma de café expresso: adoro esse cheiro, é marcante, significativo, inconfundível e dá coragem. Já a Ana seria cheiro de casa limpa ou roupa recem lavada: a gente adora sentir, pois aconchega, dá alento.

Se eu fosse um fenômeno da natureza, eu seria um chuva molha besta, aqui em São Paulo eles chamam de garoa, em Belém chamamos de chuvisco, mas o nome científico é chuva molha besta. Eu sou muito assim, sem medida, sem tempo, irritante, persistente no que aborrece. A Ana Emília, novamente ela, seria a aurora boreal. E a Ana Paula seria uma enchente, um furacão, um cataclisma.

Se eu fosse um prato ou uma receita, eu seria uma pasta italiana, mais pela presunção que pela receita em si; já a Ana Paula seria seria uma maniçoba bem temperada: pode até não agradar a todos, mas reconhece-se que é uma iguaria cara, difícil de preparar, única, sem par... e que é gostosa pra caramba...

Mas... e se eu fosse um sinal ortográfico, eu seria reticências e minha amiga seria o ponto final.

4.2.10

Sobre uma quinta-feira qualquer


Em uma quinta-feira qualquer os meteorologistas disseram que iria chover (eu queri usar outro tempo verbal – choveria – mas ser “apropriado” é uma necessidade); eu, após ouvi-los, não tinha dúvida sobre a eminente chuva, ao invés, tinha a mesma certeza que eles. A previsão da chuva trouxe-me a lembrança de tantas outras previsões certas, inequívocas, inadiáveis. Previsões que sempre me esforcei por desconsiderar.

No segundo ano de faculdade previu-se (indeterminar o sujeito é uma forma maravilhosa de ser apropriado sem ser culpado) que a história não era minha vocação: previsão ignorada, castigo certo. O que me fez pensar superior a Édipo.

Alguns anos depois, tendo terminado a história previu-se ainda que dar aulas e ganhar aquilo, seria um erro brutal, as prementes necessidades fizeram-me Daniel, mas na cova dos cordeiros. Mais uma previsão inorada, mas um insucesso alcançado.

2004, o ano que quase parou, só não pode ser pior que 2008 (alguma coisa com os múltiplos de 4??), neste ano resolvi não fazer ou deixar fazer, previsões, o velho mundo parecia dar-me uma chance. Não desci ao abismo porque já estava no fundo. Minha capacidade de dar errado foi surpreendente (usar verbo no passado é tentar se convencer que é passado mesmo).

Depois de muito, ainda acredito em algumas previsões, mas decido, dia a dia, não prestar atenção nelas. Seguindo as previsões corro o risco de dar errado e ainda não ter desculpas.

2.2.10

Sobre complicações...

Como é fácil complicar uma coisa simples. Complicar, mesmo sendo uma antítese "do resolver" é a forma natural do como agimos nos dia a dia. Então ele não me observou? Que droga, sou uma coisa que não merece ser observado, visto... não é que simplesmente não fui visto, é que sou algo de não observar.

Estou no ônibus, há algumas cadeiras vazias e não há ninguém sentado ao meu lado, o ônibus para, entram pessoas, ninguém senta ao meu lado... estou fedendo? Sou muito feio? Tenho um aspecto desagradável? Claro que não penso que as pessoas simplesmente escolheram outras cadeiras, da mesma forma como eu quando entrei no ônibus o fim.

Tenho que sair hoje, mas simplesmente nada daquilo que entulha meu guardarroupa, nada daquele monte de coisas que vestiriam toda a África, nada serve para que eu use hoje.

Complicar é quase um esporte para algumas pessoas (deixa logo eu me incluir - assim fico livre de dedos apontados), mas eu quero gritar algo: COMPLICAR É UMA FORMA DE VIVER INTENSAMENTE. Certamente não a mais indicada, obviamente não a mais adequada, mas é uma forma... E quando encontrares alguém que consegue complicar o mais simples, para de onda e ajuda. Ah, como se ajuda alguém assim??? é muito complicado!