9.10.10

Sobre chorar...

Muitas coisas me fazem chorar, sou um que chora...

Mas chorar por dor de saudade é, sem palavras, demasiado ruim, mas com gosto bom, pois importa! Hoje me sinto só, sinto-me distante, e distância dói! Queria muito um abraço amigo pra sentir que vale a pena... ou que vai valer a pena... Hoje o ar ao meu redor parece mais espesso, come se o pudesse cortar em forma de tijolos, e sobre meu peito um aperto semelhante a uma pisada de protesto.

Sinto uma tal dor de saudade, acompanhada da angústia de saber que não tenho que voltar, que não devo voltar, que não conseguiria voltar. Queria ouvir, agora, todos os consolos, receber todos os conselhos... mesmo se sei o que fazer.

Hoje choro, hoje o pranto tira o sentido, mas sei que é só hoje, talvez amanhã e depois, mas não sempre. Por que dor de saudade é assim, é suportável por que não é pra sempre... saudade tem fim em si mesma, posto que sente-se saudade do que se ama, mas sempre é possível amar outras coisas.

Minha Belém, minhas tias, meus amigos, amores de ontem e de hoje... que sejam sempre!

Uma tradução de mim...

Por Paulinho Tamer

Tudo em mim explode
Meu complexo
Meu simplificado

Tudo em mim se traveste no mais desejoso anseio pelo igual
Eu não me reconheço em meio aos meus semelhantes.
Meus pensamentos sempre confusos
Meu corpo sempre leviano
Meu âmago sempre vazio
Meu rosto nunca triste
Meu sorriso sempre sarcástico
Minhas letras sempre mentirosas
Minha poética aflorada em razão
Meus sentimentos possuídos pela tolice de não sentir

Eu sou o oco do nada
O vácuo do vazio
O marrom seco
O contratempo silencioso
A ausência de nota entre notas.

Me sinto na maior parte do tempo incapaz de sentir
Mas sou um eterno apaixonado
Tudo que toco
Tudo que me apaixono
Se esvai na tremedeira das poesias
Não me queixo
Bendita fonte de renovação

Sinto por fugacidade
Por leviandade
Mas sinto
As vezes sinto
As vezes não

Sinto que sei
Sinto que sou
Sinto que faço
Sinto que mexo
Sinto que sei que não sou

Tudo o que em mim está hoje
Esfumaça e se dispersa na eternidade do tempo