23.8.10

Sobre Lar...

O que se nos passa no coração quando sentimos saudade? Minha amiga acabou de sair do meu quarto dizendo que queria ir pra casa... mas ela mora aqui, ela faz parte desta casa... ou melhor dizendo, ela ESTA nesta casa, mas faz parte de outra.

É isso mesmo, não importa onde estamos, buscamos sempre o lugar onde “somos”? Esse dualismo entre estarmos e sermos, quando nos referimos a lar, é relevante para nossa idéia de felicidade?

Há anos que não me sinto parte de nada, sempre estou em algum lugar, fazendo alguma coisa, sempre com alguém, com alguéns... nunca fazendo parte... sempre estou e nunca sou LAR. Essa nunca havia sido uma questão para mim, mas hoje, com a Silvana dizendo sentir saudade de casa (estando em casa) me fez perceber que eu não tenho saudade de lar algum, nem em tempo algum. Fazem-me falta, daquelas faltas de trazem consigo dor, uma porção de pessoas: minhas tias, cada uma delas, suas manias e risadas, seus choros e conselhos; minha mãe e seu sufocante abraço e seu beijo de minha mãe; a Ana e sua despretensão em nossa relação, a Ana Paula e sua grosseria amorosa, a Angélica e seu mundo encantado de realidades, o Paulinho e sua idéia de confraria, o Pedro e seus questionamentos metafísicos, o Victor e seus “ciao Neyyyyy”, a Lalá e sua curiosa argúcia, tantos que me fazem uma falta doída, mas nenhum lar, nenhuma casa, não consigo visualizar um lugar do aconchego para onde eu quisesse voltar.

Terei algum lar? Ou melhor, farei parte de algum lar para onde eu queira voltar?

Essa, que antes não era uma questão, hoje pesa-me sobre a cabeça.

20.8.10

Sobre dias e dias...


Há dias pra tudo na vida... há aquele dia em que não importam os comentários alheios, nos sentimos simplesmente fabulosos. O espelho nos brinda com um sorriso e nosso cabelo, por alguma intervenção cósmica, fica do jeito que queremos; nestes dias gloriosos sentimos aquela estranha vontade de dizer bom dia a todos e todos os clichês dos pássaros cantando, flores desabrochando parecem possibilidades e nos sentimos em um musical Disney.

Mas há o dia em que o espelho se embaça com nosso respirar triste, nosso cabelo resolve fazer parte do cast de Mad Max; o sol traz desconforto e as flores, se desabrocharem, nos faz espirrar e o canto dos pássaros parece só mais um dos muitos barulhos que temos que suportar.

Dias felizes nos dão tudo, mas são os dias tristes que são poéticos.

Em dias de luz eu não me dou muito ao desconforto de pensar sobre TUDO, as coisas deixam de ser QUESTÕES e, de certa forma, basto a mim mesmo. Contudo, devo confessar, com certa hesitação, que prefiro os dias tristes poéticos. Onde tudo é uma questão!

Há tempos que não sinto um bom dia triste, pois, quisera os dias se alternassem em tristes e felizes; entre dias tristes e felizes existem os dias aborrecidos, enorme maioria, onde nem paciência de olhar espelho eu tenho e tenho vontade de atirar em pássaros e pisar em flores. Dias aborrecidos são, em geral, ensolarados, pois nada como o calor para aborrecer.

Dias tristes, felizes, aborrecidos... muitas formas de encararmos situações, pois eles podem ser só chatos, desequilibrados, deprimentes (diferentes dos tristes), insuportáveis... dias são assim, reflexos de nossa percepção... ao menos é o que percebo comigo! Hoje o dia amanheceu triste, e por isso poético, mas se encaminhou para aborrecido. Espero terminá-lo entre o feliz e o triste.

Desse jeito... assim mesmo!


*a tirinha é do site http://www.umsabadoqualquer.com/

9.8.10

Sobre tempos novos...

Mudar é um risco, mudar comporta em si a possibilidade do "não dar certo" e ainda do "se dar mal". Mas, em proporções distintas, carrega consigo a possibilidade do TUDO novo.

Vivo um período de enorme mudanças: novo lugar, novos trabalhos, novas responsabilidades, novos ares, casa nova e amigos novos...

Sobre novos amigos cabe uma reflexão, que motivou este post...
Novos amigos não apagam Velhos amigos; na verdade, a novidade nos faz recordar do costumeiro, trás a saudade de outrora e a dor da distância. Amigos novos, são sempre amigos, são o que colorem a vida e a fazem, tantas vezes, valer a pena. Amigos de hoje nos ajudam a viver hoje, sem grandes preocupações com o amanhã, mas com o conforto do ter amigo.

Aos amigos de ontem, àqueles que sempre estiveram, gente que me fez o que sou, à esses, meu sempre amor... minha sempre confidência, minha gratidão, minha vontade do abraço confortável e do terno aperto de mão... aos bons e velhos amigos, meu coração sempre aberto, meu riso e meu choro, meu eu...

Aos amigos de hoje, minha vontade de estar sempre entre vós, minha determinação em criar laços, meu querer colorir o cinza que se apresentar... meu riso sincero e minha acolhida.