É isso mesmo, não importa onde estamos, buscamos sempre o lugar onde “somos”? Esse dualismo entre estarmos e sermos, quando nos referimos a lar, é relevante para nossa idéia de felicidade?
Há anos que não me sinto parte de nada, sempre estou em algum lugar, fazendo alguma coisa, sempre com alguém, com alguéns... nunca fazendo parte... sempre estou e nunca sou LAR. Essa nunca havia sido uma questão para mim, mas hoje, com a Silvana dizendo sentir saudade de casa (estando em casa) me fez perceber que eu não tenho saudade de lar algum, nem em tempo algum. Fazem-me falta, daquelas faltas de trazem consigo dor, uma porção de pessoas: minhas tias, cada uma delas, suas manias e risadas, seus choros e conselhos; minha mãe e seu sufocante abraço e seu beijo de minha mãe; a Ana e sua despretensão em nossa relação, a Ana Paula e sua grosseria amorosa, a Angélica e seu mundo encantado de realidades, o Paulinho e sua idéia de confraria, o Pedro e seus questionamentos metafísicos, o Victor e seus “ciao Neyyyyy”, a Lalá e sua curiosa argúcia, tantos que me fazem uma falta doída, mas nenhum lar, nenhuma casa, não consigo visualizar um lugar do aconchego para onde eu quisesse voltar.
Terei algum lar? Ou melhor, farei parte de algum lar para onde eu queira voltar?
Essa, que antes não era uma questão, hoje pesa-me sobre a cabeça.