25.1.09

Vida moderna... Qual limite?

Não sai do carro, ou sai do carro, diz, em tom imperativo, um conjunto de vozes desconhecidas que chegam de forma ameaçadora. Não se mecha! Passa o celular, passa a bolsa! Fique onde esta!

Continuamente recebemos ordens de quem não apetece dar-nos ordem. Não temos mais total ingerência sobre nossas atividades, sobre nossas ações. O mundo, o nosso mundo, esta tomando um rumo estranho à nossos anseios. Para nossos antepassados juntar-se em cidades foi uma forma de conseguir a sobrevivência com um pouco menos de esforço e com a garantia da segurança. Primitivamente reunir-se em cidade era uma forma de buscar compartilhar a proteção mutua. Com o transcorrer das eras a vida citadina viu o florescer da democracia, do direito, da arbitragem por lei... evoluímos e nos tornamos uma humanidade de cidadãos (habitantes de cidades).

Outrora uma evolução, hoje, no continuo evoluir, a vida em algumas cidades esta nos levando ao limite da barbárie. Nos reunimos em cidades para buscar proteção, hoje nos digladiamos nas cidades. Antes proteção mutua, hoje, ataques mútuos. Estamos sendo forçados "No Limite" de nossas capacidades. Sermos levados ao limite (ou nos levarmos a ele) nos despedaça, nos esfacela, nos sucede um crash, se é que posso assim usar o termo. Estando no limite buscamos culpados, vilões, vítimas, mocinhos, mas só encontramos humanidade, ombro a ombro conosco.

Somos violentos ou nos tornamos violentos? A pouco sugeri a meus alunos que assistissem ao filme "Crash - No Limite" e propus para análise duas questões: Quem são os vilões e os mocinhos do filme e ainda a fase citada por um critico que dizia: "o pior é que crash é um retrato de nossa rotina. Meus alunos tinham dificuldade de indicar vilões autênticos ou mocinhos genuínos, mas facilmente perceberam a verdade presente na frase do crítico, na verdade meus alunos estão sendo levados ao limite. De uma turma de 35 adolescentes, rapidamente contamos: 18 já haviam perdido celulares para o problema social que eles não conseguem analisar ainda. Todos tinham conhecimentos de amigos, parentes ou conhecidos que já haviam sofridos as mais variadas formas de violência. Eles, adolescentes de 12 a 14 anos, que contam ser o futuro, já desenvolveram técnicas "in"falíveis para não sofrerem violência, mas todas as técnicas implicam em limitação de suas liberdades, implicam em desenvolver preconceitos, limites, limites e limites. Aprendem rápido que o importante é se proteger "deles".
Pessoas que não trafegam por esta ou aquela rua neste ou naquele horário. O receio de quem se esta aproximando. A paranóia de ser vitima. Nos reunimos em cidades para buscar a proteção coletiva, hoje moramos nela buscando a proteção individual.

3 comentários:

  1. nos proteger dos "outros"............Ei Ney, muda a cor da fonte do título do blog, não dá para ler

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  2. ...e somos tomados pelo medo e pela paranóia.

    Ney, tá tomando forma. Vai ficar bonito. besitos

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  3. Vim te visitar, em retribuição!
    Volte sempre!

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Escreve ai vai!!!