13.2.09

Decidi, hoje, chorar...

Resolvi chorar todas as dores hoje... hoje resolvi que valia a pena ter chorado quando meu avô morreu... O meu avô morreu. Um velho bom, como é possível ser bom na sua natureza. Ele me ensinou um monte de coisa, mesmo se não sou capaz de lembrar de nenhuma; mas todos os avôs ensinam coisas a seus netos, não é verdade?De uma coisa lembro: eu era seu neto preferido, disso eu me lembro, disso todos os netos lembram.
Nos últimos dias ele andava doente da paciência, e isso agravou seu câncer. Viveu uma vida de guerreiro, enviuvou cedo, e criou, mal como lhe foi possível, três filhas; dentre elas minha mãe. Andava como jamais conheci outro, meu avô andava o mundo, sem jamais ter saído do estado. Era homem prático, pouco afeito às futilidades da vida, avaro, mas lerdamente generoso. Nunca mentia, só quando tinha que ser avô e contar suas estórias.
Jamais vi meu avô pronunciar a palavra amor, não lembro dele pego a fazer carinhos seja nos netos que nas filhas, mas não duvido do seu amor: meu avô era avô de fazer de comer, de pegar e guardar frutas para mim. Era antes de mais nada um trabalhador, trabalhou até o último dia, trabalhou até se ver abandonado por suas forças e não chorou a morte, mas nunca a esperou, não obstante as privações e as muitas sacanagens da vida, ele a adorava.
Meu vô morreu e eu não vi, mas disso não faço caso, não gosto de ver morte: mas eu não disse nada a ele; meu vô se foi e não me resta na memória minhas últimas palavras a ele, não fui consolar minha mãe, minhas tias, não fui de ajuda. O meu Vô se foi... e só agora eu choro...

Resolvi chorar por meu vô, por minhas todas dores e por mim... resolvi chorar o que não sei, decidi chorar pelo que não sei compreender. Meu olhos, hoje neste ocaso, anuviados, não guardavam nada, só vertem.
Acho que o choro é o grito dos fracos... a um forte é permitido chorar, mas ele não usa de sua permissão... aos fracos o choro é mais uma indelicadeza para com a vida.

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