13.2.09

O tema hoje é realidade (poderia ser no plural – realidades)


O que realmente é a re-a-li-da-de? Ela é necessária? Qual o seu antônimo? Ilusão, sonho, irrealidade, devaneio, fuga?
Qual o porquê deste tema?
Hoje, e não seria seguro precisar o dia, eu me peguei descontente com minha realidade; a realidade é uma coisa individual, como uma camiseta que cada um veste de um jeito? Meu descontentamento me impeliu a “criar” uma alternativa à realidade que se me apresenta. Contudo, de uma hora a outra, vi-me como um fugitivo, um transgressor, e sinto que a realidade que eu havia, a pouco, pensado em abandonar por outra, caçava-me, não como a um simples fugitivo, mas como um “desviante”, um que a quer ignorar, e sem poder para fazer-lhes esta desfeita em face, foge.
Percebi que não consigo fugir por muito tempo, eu espero a captura, fujo de uma coisa que me esta oprimindo, mas quando longe, penso em como era, e espero a captura. Não tenho certeza – outros diriam que sempre se tem certeza – se fujo por que não quero ficar, ou se fujo só pra ver se vou ser capturado mais uma vez.
Não provo prazer em fugir à realidade, provo diferença e tranqüilidade; mas tenho certeza – espero que isso seja mesmo uma certeza – que não quero a realidade que se me esta posta. Vivo dizendo que o que tenho agora é uma escolha: logo, quero escolher outra coisa ou ter coragem de me arrepender de ter errado. As duas opções – são opções? – portam consigo um combinado de sofrimento, uma leva de sofrimento solitário; opressor, como qualquer sofrimento, mas que diferente de outros, que não se pode pedir ajuda, esta, se existir, deve vir ofertada por outrem amado.
A certa altura de minha vida eu afirmei só crer em sonhadores, ora, pois sim, sonhadores não vivem realidades, sonhos não podem ser realidades, mesmo que verdadeiros e palpáveis. Não são os sonhos contrários exatos da realidade?
A realidade que tenho ora é-me estranha, mesmo se não posso negar minha responsabilidade nela. Parece-se com uma camiseta que se escolhe, experimenta-se, e depois, só depois, percebe-se que esta apertada, que a manga está esgarçada, que ela não combina com nada; comparar uma vida a uma camiseta é pobre, mas ilustrativo.
Tenho uma realidade que não desejo mais, que construí sem querer, como que aproveitando entulhos que me estavam vizinhos. Minha preguiça, aliada aos meus medos não permitiu ousadias tais que me consentissem outra coisa.
Um dia fui chamado de professor, e ainda o sou, e hoje percebo bem no que isso estava errado. Um que desconhece a realidade, não pode ousar ensinar, ensina-se o real, o palpável (história pode ser palpável?). Como já disse o poeta: quero ser um eterno aprendiz. E o sou. Alguém que aprende, e contenta-se em aprender, não pode suportar só o real. O real, a realidade, são como blocos do moderno concreto, duros, lisos, duráveis, com ilusão de eternidade – não busco o eterno, mas o etéreo. A realidade tende a emparedar e impedir o sopro refrescante dos sonhos.
No mais, sou um amante. Distingo-me por não ter problemas em declarar meu amor: as artes, à humanidade, aos amigos. Amantes não podem suportar realidades cruentas. A realidade é árida, ao posto que o sonho é fecundo; na realidade há muitos espaços, na ilusão há o infinito; a realidade é individual, posto que cada um a vê de um ângulo seu, o devaneio tende a contaminar uma minoria; o real pode ser ensinado, o sonho tem que ser aprendido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Escreve ai vai!!!