31.12.09

Sobre perspectivas...

Estamos em 2010... 2009 é só passado e no passado há de ficar... nos resta, ou me resta, a perspectiva de um ano Novo melhor, pois sempre há de ser melhor...

Em 2010:

Quero querer o possível, mas ter o coração aberto para o impossível;

Desejo o bem a todos os meus amores, mas vou trabalhar para o meu bem;

Farei mais que em 2009, mas sem frustração se parecer menos;

Quero desafios na minha medida, mas engenhosidade para diminuir desafios que pareçam muito grandes;

Quero rir muito, mas ter força e ombros pra chorar todas as vezes que for necessário;

Quero mais amor, mais amizade, mas só serve acompanhada de tolerância e verdade;

Quero reconciliação e a quero incondicional;

Desejo um emprego, salário adequado, cidade nova, menos calor e 10 kg a menos...

Quero, desejo... e haveremos de conseguir...

Pasta al buon sugo

(o nome eu inventei e a tradução deve ser literal)
Receita para mais de uma pessoa e menos de cinco (mais isso sempre depende)

Sugo, vulgo molho

* 10 tomates bem maduros, daqueles vermelhos que parecem com raiva (de qualquer forma tenta não usar aquele tomate que parece maçã, usa os compridos)
* 02 dentes de alho (bem grandes e que não deverão ser amassados em qualquer hipótese, nem mesmo se adorares gosto de alho ou se tua casa estiver sendo ataca por mortos vivos)
* Azeite extra virgem de oliva que cubra os dentes de alho na panela
* Sal (o sal é o vilão de qualquer receita, o vilão em absoluto, ele significa o túnel sem volta, depois de errar com ele tudo será só formas de remendar, de amenizar o erro, mas é fato: sem ele fica sem graça).
* Folhas de manjericão fresco que não devem ser lavados (esse molho só presta se tiver bastante manjericão, então se quem for comer não for afeito ao paraíso que o manjericão porta consigo, melhor fazer outra coisa)
* Parmigiano
* Um pacote de Pasta (500g) – comprar a massa favorita em um supermercado e só ficar atento para que seja grano duro e para que cozinhe o tempo descrito na embalagem ou 1 min a menos, jamais a mais.

Como se faz

Pegue uma panela na qual você confia, toda a massa deverá cozinhar em abundante água e que se for espaguete, ele não será quebrado. Leve ao fogo e espere ferver...
Enquanto isso, em uma frigideira alta, leve o azeite para aquecer com os dois dentes de alho, que por nada nesta vida serão esmagados. Quando estiver quente ponha os tomates que já foram cortados em pedaços bem pequenos e sem aquela parte que os ligam ao talo e logo o sal (mas lembre que ele é o vilão, necessário, mas sempre o vilão). Depois que levantar fervura esmague os tomates usando algum dos seus utensílios de cozinha, ainda em fogo médios, se tiver espremedor de batatas, fica melhor ainda pois dá pra tirar quase toda a pele... lembre, por caridade, de não esmagar o alho, que a essa hora já deveria até mesmo ter sido tirado e jogado fora.
Assim que a água estiver fervendo ponha sal e logo em seguida a massa e observe para que cozinhe só o necessário para ficar al dente. Desligue o fogo do molho assim que perceber que ele esta apurado e espere que a pasta fique cozida. Junte os dois e no fim ponha as folhas de manjericão e um bom e generoso de parmigiano ralado por cima. Sirva quente com um vinho tinto bom e barato, pois esse é um prato simples e se intimidaria com um bordeaux, mas se ofenderia diante de vinho doce escroto.

Buon appetito

30.12.09

Sobre as possibilidades de felicidade da Raposa

Pode um ser que atrela sua felicidade a outrém ser feliz? Parece redundante mas me ponho essa questão depois de ter sido informado, de forma categórica, que nem a Raposa e menos ainda o Garoto, serão felizes! E não o serão, jamais...

Sentir-se "eternamente" responsável por seus amores esta inversamente proporcional à possibilidade de ser feliz?

Sobre dias cinzas e almas opocas...

A expressão chove fora e dentro de mim deveria fazer entender que houve uma mimetização entre o sujeito, EU, e a paisagem, tempo/clima. Olho o entorno e vejo um cinza triste e percebo que esta tristeza mais me agrada que desagrada. O verde esperança e o amarelo prosperidade, neste momento, tenderiam a oprimir; já o cinza, o bom e velho - pois cinza tem cara de velho, tente a compreensão!

Contemplo o cinza destes dias de Belém como alguém pouco afeito ao colorido do fim de ano, não com tristeza, mas com lucidez. Mas isso é estado de alma, uma alma opaca não tem a dizer às cores com que a vida deseja pintar a existência. Só sonhos, e seus tons pastéis, podem mudar algo em uma alma opaca.

29.12.09

Sobre a vilania da raposa e a presunção de inocência do Príncipe

Os mitos nos são caros... desde que decidimos acordar a vida em sociedade, construímos modelos, analisamos possibilidades. Minha história com O Pequeno Príncipe começa com a idéia de um modelo a seguir, de uma forma de agir: o essencial é invisível aos olhos! Somos, eternamente, responsáveis por quem cativamos.

Há o que não se desenvolve por puro instinto, e penso ser a amizade uma destas coisas; amizade requer tempo, paciência, doação e reciprocidade. Mas esta é sempre uma idéia pessoal.

Ainda analisando as relações de amizade usando como parâmetro a proposta da Raposa ao Pequeno Príncipe, duas coisas ainda me ocorrem:
A vilania inata da raposa e a presunção de inocência do príncipezinho.

A Raposa exige? É ela a medida do seu amor? Porque ela quer ser cativada (e aqui cabem considerações sobre a tradução da palavra "apprivoiser" - no francês - que pode significar também domesticar)?

O Príncipe não sabe e pergunta repetidas vezes o que significa cativar, ao que a Raposa diz que significa criar laços; ele já tinha ouvido, em suas viagens, outros conceitos e muitas vezes não se convenceu, ele intui que foi cativado pela sua Rosa ele decide criar laços com a raposa, que será sempre uma raposa, um animal que prefere ser domesticado, cativado, a ter que ser caçado e virar casaco.

Sobre a Raposa e o Príncipezinho I

Estou pronto leitores inexistentes, finalmente estou pronto.

E ai me perguntaram para o que estou pronto? E lhes explico a seguir...

Sabem, sou um bom amigo, sou daquelas pessoas que liga, se importa, escreve, lembra (menos de aniversários), faz questão (mesmo sendo possível que alguns digam que isso não é de todo verdade)! Sempre achei-me, e disse a muitos, responsável por aqueles a quem cativei, responsável por aqueles a quem disse "te amo"! Li a muitos anos, de não lembrar quando, o célebre diálogo do pequeno Príncipe cabelos dourados e da raposa amante de galinhas, li e tomei como exemplo a ser aplicado na vida. Mas perdi nos últimos dois anos 2 pessoas que me eram únicas e por quem eu sou responsável. Perdi duas pessoas que muito me amavam (não tenho, infelizmente, como por este verbo no presente). E passei a refletir se havia algo de errado sobre a forma como AMO!

Eu amo e quero ser amado como a raposa e o que há de errado nisso? Posso ser o vilão da estória por me sentir responsável por aqueles que cativo? Bem, refletindo, acho que não... e percebo o erro agora!

O que eu sou, a forma como amo, é minha, é particular... a Raposa não deu escolha ao Príncipezinho, ela disse como o amaria e disse que ele deveria fazer o mesmo. Mas atenção, ela não exigiu dele o amor, ela não o pressionou... e como é uma metáfora pra a vida, não é ilícito querer ser amado como único, mas exigir esse amor pode ser uma prisão aos outros.

Ainda vou continuar me sentindo responsável por meus amores, e possivelmente vou sofrer, pois sou meio Raposa e bem menos Rosa...

28.12.09

Projeto mais um dia...


O tratado vai mudar... na verdade, continuará pleno de devaneios, e menos propenso a idéias...

um devaneio por dia...

O devaneio de hoje diz respeito à possibilidade de não ser entendido, compreendido, aceito.

Ser aceito tem sido o desafio de todos os homens em todas as civilizações em todos os tempos. Fazer parte, ter o sentido de pertença faz toda a diferença na forma como conduziremos nossas vidas. Alguns escolhem ser aceitos pelas minorias e tornar-se minoria, para assim auto-afirmar-se e ter identidade. Alguns nascem minoria e querem ser maioria e deixam a idéia da identidade para os outros.

Este devaneio me tem feito impressão depois de algumas discussões onde fui chamado de anti-Lula e reacionário e até mesmo (eu pasmo) de direitista. O fato é que isso me deixou profundamente impressionado, pois sempre achei-me do lado de lá... ou seja, construí minha identidade como minoria e agora sou enquadrado em uma espécie de maioria...

O que isso significa?

7.12.09

Sobre a possibilidade...


Viver muitas vezes dói... mas viver dá prazer, viver desperta desejos e anseios, viver ainda é A opção.
Antes de mim não lembro de mais ninguém dizer que viver dói, mas é possível que minha expressão não seja inédita, mas o que ela significa é uma singularidade que será sempre inédita do meu ponto de vista.
Mas não quero falar da dor de viver, mas das possibilidades que isso oferece: é só vivendo que podemos aprender aquela receita nova que na revista sempre parece mais legal, mas que com “nosso toque” virará assunto na próxima roda de conversas; vivendo podemos rir novamente quando o Kiko diz “mamãe querida, meu coração por ti bate como um caroço de abacate”; é vivendo que descobrimos que nossos sonhos são mais caros do que podemos pagar, mas que isso não os fazem deixar de ser menos legais de sonhar; vivendo podemos ouvir de um amigo que mesmo sendo chato, seremos sempre amigos; vivendo agente pode ser atropelado e ficar puto mais porque rasgou o jeans novo que pelo atropelamento em si, mas depois percebe que continuamos com a possibilidade de comprar um jeans novo.

Percebo a urgência da morte, a Ana diz até que a morte é a apoteose da vida, mas é na vida que as possibilidades se abrigam. Então... vou viver...

P.S. Não estou dizendo que morrer não é uma possibilidade ou que é fácil viver... na verdade viver é o contrário da facilidade!

Sobre os que decidem... e os que escutam...

Nossos governos estão todos reunidos nestes dias na península da Dinamarca! Em um pequeno país do norte europeu (bem pequeno, menor que a ilha do Marajó) o futuro de 7 bilhões é posto nas mesas de discussões. Tudo parece bem, mas porque eu acho isso absurdo e escandaloso???
Acho que todos nós, os 7 bilhões, temos que fazer escolhas individuais para salvar nossos planeta. Nossas democracias ainda não nos fazem partícipes das decisões de nossos governos. Estou discrente sobre o fim que teremos e a importância desta conferencia...

6.12.09

Porque a vida é bem mais que um resumo...


sempre penso na minha vida como um resumo, mesmo se muito passou, não obstante todas as histórias, para além de tudo, me vem à cabeça somente o resumo. E isso é estranho porque minha natureza é prolixa; não sou um afeito às simplificações, apto aos curtas, não sou de resumos.

No resumo as coisas não parecem chatas, as coisas ruins são só ruins, mas não chatas e as boas, são ótimas nos resumos, pois na integra mesmo as coisas boas passaram antes pela monotonia de vida como ela é.

Mostro as coisas em resumo principalmente para me convencer que elas foram rápidas, principalmente as dores, que foram rápidas e que deixaram só as marcas. Mostrar a vida sempre em resumo oferece um risco absurdo, o risco de parecer, ou fazer parecer, tudo demasiado banal. E no fim das contas a vida, de uma bactéria que seja, é tudo menos banal.

Estou cá a pensar em todos os resumos de minha existência: resumo meus amigos àqueles que estão próximos ou com quem mantenho contato periódico, e essa minimização não é mais que absurda, visto que tantos passaram e passaram pela minha existência; resumo minhas habilidades a ler, escrever e falar, nada mais distante da realidade: quem faz um brigadeiro de panela como o meu? Quantas pessoas conseguem fazer carne moída junto com soja desidrata como eu faço? E o que dizer de minha capacidade com relação os mistos quentes?

A vida definitivamente não pode ser encarada de forma resumida, mesmo com as chatices, ela tem que ser encarada na integra...


Esse é meu propósito só por hoje...

19.9.09

Sobre diferenças...



A vida, mesmo que essa idéia por vezes não nos signifique mais ou menos, é feita de diversidades. É fato, a diversidade acaba por tornar mais variada, e por isso interessante, nossas relações e existências. Sempre que falamos nas diversidade que compõem a existência, nos afloram mais as idéias de raça, religião, política. A diversidade não deveria incomodar; ter-se, entre amigos e amores, a pluralidade deveria ser auspicioso. Mas e quando você morreria para defender suas idéias, e elas são o oposto inconciliável à idéia de outrem, sejam amigos e amores?

Parecendo fatalista, eu sempre me ponho esta pergunta, esta questão. Há quem eu ame, mas, se em guerra – mais fatalista ainda, tivéssemos que defender nossas idéias, ou se nossas idéias de visão de mundo, ao fim desta guerra tivesses que prevalecer, certamente eu estaria em trincheiras diferentes e apontaria minha arma para este amor, amado e diferente.


6.9.09

Sobre justiça e generosidade...

Até bem pouco tempo eu entendia generosidade, se não como sinônimo, como conseqüência da justiça. Talvez justiça seja uma palavra grossa! O fato é que jamais percebi generosidade e justiça como antagônicas, ou mesmo distanciadas. Nada mais normal que encontrar Justiça nos generosos ou generosidade nos justos. Mas não é assim; os justos, quase sempre, abdicam da generosidade por acha-la demasiada na medida da justiça. Já os generosos simplesmente se esquecem de serem justos.

No fim, mesmo se ainda estou distante dele, eu prefiro a Justiça. Prefiro ser surrado pelo egoísmo mesquinho altrui que agraciado com a injustiça.

Entendo a justiça como sento necessidade de todos e dever da maioria; já a generosidade basta ao generoso consciente de sua bondade. A generosidade serve para cobrar, para dizer que se tem e que se dá; a justiça é base do ser. não tenho justiça, sou justo!

Tenho convivido com muitas pessoas generosas, e mais ainda percebo o quanto elas, em suas torres de marfim, olham para o mundo como uma seara necessitada de mais generosidade. Ao pomposo generoso, pois o generoso não muito justo é sempre pomposo e dado às ribaltas, a justiça se confunde com seu gesto. Parece-lhes que sua paga deve ser justa, que justo é seu ato.

19.6.09

Coisas que acontecem...


A última aula de italiano que dei foi muito divertida, falamos sobre a importância do palavrão e de qual destas palavras-sentimentos melhor traduz uma ou outra situação. Uma das alunas disse que "caralho" é o melhor palavrão; pode ser do bem ou do mal. Segundo ela "caralho" pode concluir uma situação chata, como pode valorizar uma atitude.
- Fulano é do caralho! Na maioria das vezes que dizer que ele é "O Cara".
- Mas que caralho! Pode ser usada tanto como exclamação como de forma interrogativa.
Houve quem dissesse que "puta que O pariu" pode assumir o lugar do caralho. Chegamos ao consenso de que Porra é "meia raiva" ou "meio" de qualquer coisa. Pois porra nenhuma é um palavrão quase café-com-leite, só não é mais café-com-leite que Merda.
Eu, o professor, o que deveria mediar esta discussão, sou um adepto do foda-se. Ir para o foda-se, ligar o foda-se... diante de uma situação dizer, com ou sem raiva, FODA-SE; para este que escreve, significa a liberdade total. Nada mais pode acontecer que me tire do sério. O foda-se pra mim é o início da resiliência.

O papo depois foi ficando escatológico por demais e descobrimos o significado real da palavra "sexo limpo". Mas esta é outra estória.

E vocês podem pensar sobre "que raio de aula de italiano é essa". Allora, tutte queste parolacce ci sono anche in italiano ed io gli ho tradotte. Cazzo, porca puttana, merda e va fan culo sono delle virgole in italiano...



Ciao... cerchiamo tutti di essere resiliente al massimo.

31.5.09

Deus existe...




No blog do Marcelo Rubens Paiva tem um post bem legal... o que segue é meu comentário...

http://blog.estadao.com.br/blog/marcelorubenspaiva/?title=dios_existe&more=1&c=1&tb=1&pb=1

Deus provavelmente não existe... e se existisse (que também é uma possibilidade), que diferença faria??? O problema com relação a deus é a fé... é esse sentimento que tira a razão das pessoas e as torna cegas (ou proselitistas, reacionárias, malévolas, preconceituosas, intolerantes). Supondo que algo, uma força maior, tenha criado o universo, quem garante que esse algo ainda continue aqui, nos vigiando e pronto pra punir e ainda ouvindo nossas lamúrias. Religião exclui liberdade, e isso aborrece...

24.4.09

Sobre amizade, amor, diferença e finitude...

Porque te quero bem... porque te amo...

Eu queria poder responder a quase todas as perguntas que sinto da humanidade que me circunda com uma das duas frases que escrevi no início deste texto. Uma comleta a outra, ou melhor, uma é a outra. Quando, descontrolado ou menos, grito com alguém, queria, do profundo do coração, responder à pergunta muda "mas porque estas gritando?" estampada na face de meu irmão: porque te quero bem, porque te amo. Quando buzino sem necessidade, quando não dou atenção a alguém, quando, conciente ou inconcientemente, ofendo alguém, do profundo do coração, queria que fosse por amor, por querer bem. Mas não, quando ajo de forma torta, é o egoísmo, é minha falta de cura que faz o que faz...

11.3.09

A "pena" de viver... I

"E chegou ao seu último suspiro, aquele concedido aos que ainda tem de quem se despedir, e chegando ao fatídico momento, descobriu-se em débito e por isso desencorajado da despedida. Na hora do último, percebeu-se devedor e não obstante teve que descansar".

Trabalho, vivo cada respiro para não ter sobre minha lápide, ou impresso na memória dos meus, algo que se assemelhe ao que esta escrito acima. Fico pensando no que pode ser comutado em débito a alguém que se vai deste campo de labuta? A quem se pode dever na hora final? A a resposta mais recorrente que me chega aos sentidos é à Vida.

Viver é pena, viver é pena a ser descontada. A vida é só uma conseqüência, não é escolha objetiva e pensada; ela se nos é dada sem que a peçamos, acontece para todos com um tanto de obrigações.

Meu trabalho, o nosso trabalho, é fazer essa pena valer. Sendo viver uma pena, pena da qual não se escapa a não ser pela injúria da bruta renúncia, e não me azardo em julgar os que a escolhem, mas sendo pena compulsória, e sendo o MUNDO todo a cela que nos foi dada, nos cabe descontá-la bem.

8.3.09

Sobre vilania e heroísmo...


"Há falência na criação. É por isso que ando descontente. (...) Sim, tudo esta mal arrumado, nada se ajusta a nada, este velho mundo esta empenado, e eu passo para a oposição. Tudo vai de través; o universo impacienta-se. É como os filhos, quem os deseja não os tem, quem não os deseja tem-nos de sobra. Total: eu praguejo".

O trecho acima faz parte do discurso que Vitor Hugo põe na boca de Grantaire, um de seus personagens em Os Miseráveis; e, como quero falar de miséria, lembrei dele... e o acho perfeito para subtítulo de uma das últimas cenas da tragédia humana protagonizadas nestes dias por um eclesiástico católico, uma equipe médica e uma família de miseráveis.

O bispo de Olinda e Recife, usando de suas prerrogativas, excomungou a equipe médica, a mãe, e "todos" os que participaram da interrupção de uma gravidez de gêmeos de uma criança de 9 anos violentada, desde os 6 anos, pelo padrasto.

O bispo foi coerente com seu credo, foi tenaz na defesa daquilo que acredita... mas isso não me faz achar menos vil, absurda, estapafúrdia, uma ignomínia a atitude do eclesiástico. De modo geral admiro os heróis que defendem seus ideais; mas quando essa defesa vem a despeito do respeito pelo outro, quando a cegueira "moral" passa por cima de outrem para afirmar o credo, nestes casos a vilania supera o heroísmo.

Quando ouvi a primeira notícia do caso, a coisa que mais me fazia mal era pensar na criança... pensava nela como uma de minhas alunas da 5ª série, como minha sobrinha; sentia um desconforto na espinha em imaginar esta criatura indefesa sofrendo violência a mais de três anos e ainda por cima grávida de gêmeos. A violência física me fazia tremer, mas a violência psicológica me levava quase ao pranto.

A defesa da vida foi o ensejo do bispo, mas não creio... o que foi defendido foram suas convicções; defendidas com todo o egoísmo e inconseqüência que tais defesas comportam em si. Penso que ele nem levou em conta a criança que talvez não tivesse condições de parir duas outras, ele pensou no que cria e usou de suas prerrogativas. Aborto para ele é pecado passivo de excomunhão, mas estupro de criança é só grave. Ele alija da comunhão dos santos (é isso que em tese faz a excomunhão) pessoas que cumprem leis e tentam fazer dos males o menor, mas sem pensar uma vez se quer na vítima maior. Ouvi suas entrevistas, ele, reacionário e defensor de suas convicções, só fala do pecado, do direito á vida que teriam os embriões, mas não se refere àquela que corria o risco de ser só uma casca para gerar infelizes.

Esse senhor é um vil egoísta... pertence àquela raça que mete medo, seja pela compostura moral que pela falta de poesia.

Não é possível deixar de reconhecer todo o bem que parte dos religiosos fazem à sociedade, há trabalhos louváveis e que fazem a diferença na vida de muitas pessoas. Mas esse bem pode ser feito porque é o certo a fazer... sem precisar ser justificado por qualquer ideologia religiosa. Na verdade seria perfeito se a ajuda ao irmão fosse motivada mais pelo amor à humanidade, pelo amor, que pelo desejo de ir pro céu.

Na verdade queria mesmo (e queria sem querer que as pessoas queiram o que eu quero) é que o bem ao próximo fosse feito por vontade pura e simples; por desejo de ver o outro bem e pronto. Sem outros interesses; sem pensar no que acredito e defendo; sem julgamento sem critério (pois quais eram os critérios do bispo além de uma crença)... mas como já disse Vitor Hugo através de seu personagem "este velho mundo esta empenado, e eu passo para a oposição. Eu praguejo!"

18.2.09

Quando acreditava no paraiso... Quando credevo nel paradiso...


Giorni di paradiso

Mensagem escrita a amigos que viajaram comigo pela Alemanha, fora 20 dias que culminaram em Colônia com a Jornada Mundial da Juventude...

"Com’è il paradiso? Tutti abbiamo un’immagine su quest’idea, si, perché prima di tutto, secondo questo pazzo che vi parla, o meglio scrive, il paradiso è un’idea. Però l’immagine più forte, quella più sedimentata e l’immagine medioevale, gli angeli con le ali bianche, le nuvole bianche, Dio seduto con la Madonna a fianco e alcuni santi dall'altro… un paradiso statico, povero di colori, dove "regna" la pace ed abbonda la monotonia.

Ho riflettuto un po’ su quest’immagine e sono arrivato ad una mia descrizione di paradiso, è l’immagine che ci faccio io. Secondo questo vostro "folle" amico, il paradiso è il regno della libertà, perciò ognuno sceglie come lo vuole. Il mio paradiso ad esempio è così: un mare infinito, ossia tutti i mari sono infiniti; nel mio paradiso non ci sono le nuvole bianche dove camminano i santi; i santi camminano a piedi nudi su la sabbia e gli angeli sembrano delfini che nuotano liberi e felici, sempre.

Non simboleggio il paradiso con il cielo, perché ho vertigine quando sono in alto. Questo particolare paradiso è simboleggiato per delle spiagge; ogni spiaggia con un colore d’acqua diverso, con della sabbia o anche delle scoglie, c’è il sole, che ogni tanto si nasconde dietro le nuvole, come un bambino che gioca con altri bambini. In questo paradiso tutto ha uno spirito infantile.

Nel mio paradiso ci sono tante colori, ma proprio tanti. Il bianco della sabbia, dove rilassano quelli che hanno lottato tutta una vita per la costruzione di un mondo più pacifico; il blu dell’infinito, il verde della speranza, il mare alternasi tra il verde, il blu, il roso ed il giallo, tutti questi colori perché sì uno deve restare tutta un’eternità in un posto, deve avere delle scelte; non posso dimenticare del verde, sì il verde degli alberi, e tutti gli altri colori che si possono immaginare; sembra proprio un dipinto di Van Gogh o Monet.

Nel mio paradiso la gente non fa delle pause per pregare, la vita è diventata una preghiera. Le persone hanno tempo, ci si parla guardandosi in faccia, nessuno è giudicato per quello che ha, neanche per il colore della pelle o anche per qualsiasi altra caratteristica esterna, tutti sono uguali, e meglio ancora, tutti si sentono pari. La religione non esiste, esiste Dio. Noi, figli suoi, lo adoriamo con la vita e capiamo tutti i suoi desideri, nel mio paradiso non esiste più i dubbi.

Nel mio paradiso niente è finito, neanche la scelta del paradiso, siccome è il regno della libertà, uno può anche scegliere di lasciare tutto. Perché nel mio paradiso esiste ancora la passione. Non si soffre nel mio paradiso, perché siamo arrivati al punto di capire anche le ragioni delle sofferenze e così, andiamo avanti; però non posso capire un’eternità senza le prove, senza delle difficoltà, neanche voglio un’eternità così, con tutto ciò, siamo arrivati al punto di capire tutte le cose e così non ci si disturba per le difficoltà.

Ci si ama nel paradiso, ci si ama tanto. Dire io ti amo, o anche ti voglio bene, è diventato un saluto normale, come dire buongiorno. Come non esiste più il dubbio, ci si dice "io te amo", con tutta la certezza del cuore.

I conflitti non esistono, non che tutti siano d’accordo a cento per cento uno con l’altro, ma siccome la libertà è il principio basico, tutti rispettano la "saggezza" dell’altro. La natura è diventata una continuazione della vita di tutti, ci si vivi pienamente.

Insomma, il paradiso sembra, per me, un posto dove la perfezione non è una regola, ma una conseguenza della normalità della vita; ci si arriva senza perseguirla. Alcune volte ho provato costruire il paradiso li, dove sono, con le persone che ci sono intorno a me; ogni tanto ci sono riuscito, ed è stato meraviglioso. Non voglio sperare la morte per trovare il paradiso, chiedo all’Eterno Padre che me lo permetta costruire ovunque vada; voglio avere forza di edificare dei pezzi del paradiso insieme alle persone che ci sono vicine a me."

14.2.09

Felizes e Amados

Uma conversa em um maio de um ano, promessas de férias, viagem aos confins nunca dantes vistos. Três que se amam, transformam-se em quatro e depois em cinco. Destinos certos, viagem por meios incertos. Eis mais um encontro envolvendo gente.
Eu acho que a vida é feita de encontros, cheios de desencontros; não, isso não é original, isso não é de minha autoria, mas é uma verdade hoje: pessoas “se” encontram, gente encontra gente. O que fazemos depois do primeiro e dos muitos encontros vai definindo qual relação teremos, como nos veremos, de que forma faremos parte uns das vidas dos outros.
Os encontros chegam a ser inevitáveis, mas criar laços é uma decisão de cada pessoa. Nós, individualmente, escolhemos quem vai fazer parte de nossas vidas, ESCOLHEMOS, quem nos fará rir de alegria e contristar nossos corações com a ausência. E, ao cativarmos, nos tornamos responsáveis por elas, pois nos tornamos parte delas.
Um dia, anos fazem, gente que encontra gente, movidos quem sabe porque sortilégio desta vida, em um prédio simples de uma cidade simplória, em circunstâncias vulgares por sua singeleza e naturalidade, encontraram-“se”; a missão era ensinar, mas a tarefa foi mal interpretada e assumida com displicência, e a missão converteu-se em afeição: não mais ensinar, mas cativar e tornar-se responsáveis uns pelos outros.
Até onde iremos? O que nos move? Bem, essas respostas não estão ao nosso alcance. A nós foi dada a capacidade de continuar escolhendo, pois de escolhas a vida é feita. Cada escolha tem seu preço e nós somos responsáveis por aquilo que escolhemos.
Há quem passe a vida à procura da felicidade, o problema é que as pessoas, em sua maioria, não sabem bem o que querem, e usam a palavra felicidade para resumir seus anseios, elas não querem felicidade, elas querem a capacidade de escolher bem, de escolher com sabedoria e de não arrepender-se de suas escolhas. Cada escolha tem sua implicação, o dom de escolher é o que nos distingue, e a capacidade de poder arcar com nossas escolhas nos torna mais ou menos forte.
Não, não quero a pura e simples felicidade, quero a capacidade de escolher com coragem, de resistir à tentação, nobre, de permitir que outros escolham por mim. Hoje como hoje, quando se fala no mais e no menos, eu não penso ser capaz de arcar com minhas escolhas, sou demasiado, mas resisto à tentação.
Há coisas, e tempos e espaços, que não precisão de comprovação, mas somos humanos, como diria o atormentado filosofo-poeta, demasiado humanos, e a tudo submetemos testes; provar é nossa busca mais irritante e infundada, pois, buscando, esquecemos de simplesmente sentir... eu seguirei, sem mais querer provar, mas sendo sempre irritante e infundado.
Nestes dias onde “Amados e felizes”, foi tanto substantivo, quanto adjetivo, eu senti, mas sem me conformar, busquei a prova: sentimentos não devem ser postos à prova, não sabemos mensurar as respostas, eles acabam por confundir o que já era claro e simples, e por isso, bonito e sincero.
Eu já disse que de encontros e escolhas a vida é feita: pois bem, eu vos encontrei e vos escolho, não para o futuro, pois nem sei o que isso significa mesmo, mas para agora, para este tempo, para continuar fazendo parte de minha vida, para fazer parte de suas vidas.
Ainda hoje, de maneiras que não sei explicar, nos encontramos, com anseios diferentes, mas ainda nos escolhemos.
Vos amo...

13.2.09

O tema hoje é realidade (poderia ser no plural – realidades)


O que realmente é a re-a-li-da-de? Ela é necessária? Qual o seu antônimo? Ilusão, sonho, irrealidade, devaneio, fuga?
Qual o porquê deste tema?
Hoje, e não seria seguro precisar o dia, eu me peguei descontente com minha realidade; a realidade é uma coisa individual, como uma camiseta que cada um veste de um jeito? Meu descontentamento me impeliu a “criar” uma alternativa à realidade que se me apresenta. Contudo, de uma hora a outra, vi-me como um fugitivo, um transgressor, e sinto que a realidade que eu havia, a pouco, pensado em abandonar por outra, caçava-me, não como a um simples fugitivo, mas como um “desviante”, um que a quer ignorar, e sem poder para fazer-lhes esta desfeita em face, foge.
Percebi que não consigo fugir por muito tempo, eu espero a captura, fujo de uma coisa que me esta oprimindo, mas quando longe, penso em como era, e espero a captura. Não tenho certeza – outros diriam que sempre se tem certeza – se fujo por que não quero ficar, ou se fujo só pra ver se vou ser capturado mais uma vez.
Não provo prazer em fugir à realidade, provo diferença e tranqüilidade; mas tenho certeza – espero que isso seja mesmo uma certeza – que não quero a realidade que se me esta posta. Vivo dizendo que o que tenho agora é uma escolha: logo, quero escolher outra coisa ou ter coragem de me arrepender de ter errado. As duas opções – são opções? – portam consigo um combinado de sofrimento, uma leva de sofrimento solitário; opressor, como qualquer sofrimento, mas que diferente de outros, que não se pode pedir ajuda, esta, se existir, deve vir ofertada por outrem amado.
A certa altura de minha vida eu afirmei só crer em sonhadores, ora, pois sim, sonhadores não vivem realidades, sonhos não podem ser realidades, mesmo que verdadeiros e palpáveis. Não são os sonhos contrários exatos da realidade?
A realidade que tenho ora é-me estranha, mesmo se não posso negar minha responsabilidade nela. Parece-se com uma camiseta que se escolhe, experimenta-se, e depois, só depois, percebe-se que esta apertada, que a manga está esgarçada, que ela não combina com nada; comparar uma vida a uma camiseta é pobre, mas ilustrativo.
Tenho uma realidade que não desejo mais, que construí sem querer, como que aproveitando entulhos que me estavam vizinhos. Minha preguiça, aliada aos meus medos não permitiu ousadias tais que me consentissem outra coisa.
Um dia fui chamado de professor, e ainda o sou, e hoje percebo bem no que isso estava errado. Um que desconhece a realidade, não pode ousar ensinar, ensina-se o real, o palpável (história pode ser palpável?). Como já disse o poeta: quero ser um eterno aprendiz. E o sou. Alguém que aprende, e contenta-se em aprender, não pode suportar só o real. O real, a realidade, são como blocos do moderno concreto, duros, lisos, duráveis, com ilusão de eternidade – não busco o eterno, mas o etéreo. A realidade tende a emparedar e impedir o sopro refrescante dos sonhos.
No mais, sou um amante. Distingo-me por não ter problemas em declarar meu amor: as artes, à humanidade, aos amigos. Amantes não podem suportar realidades cruentas. A realidade é árida, ao posto que o sonho é fecundo; na realidade há muitos espaços, na ilusão há o infinito; a realidade é individual, posto que cada um a vê de um ângulo seu, o devaneio tende a contaminar uma minoria; o real pode ser ensinado, o sonho tem que ser aprendido.

Decidi, hoje, chorar...

Resolvi chorar todas as dores hoje... hoje resolvi que valia a pena ter chorado quando meu avô morreu... O meu avô morreu. Um velho bom, como é possível ser bom na sua natureza. Ele me ensinou um monte de coisa, mesmo se não sou capaz de lembrar de nenhuma; mas todos os avôs ensinam coisas a seus netos, não é verdade?De uma coisa lembro: eu era seu neto preferido, disso eu me lembro, disso todos os netos lembram.
Nos últimos dias ele andava doente da paciência, e isso agravou seu câncer. Viveu uma vida de guerreiro, enviuvou cedo, e criou, mal como lhe foi possível, três filhas; dentre elas minha mãe. Andava como jamais conheci outro, meu avô andava o mundo, sem jamais ter saído do estado. Era homem prático, pouco afeito às futilidades da vida, avaro, mas lerdamente generoso. Nunca mentia, só quando tinha que ser avô e contar suas estórias.
Jamais vi meu avô pronunciar a palavra amor, não lembro dele pego a fazer carinhos seja nos netos que nas filhas, mas não duvido do seu amor: meu avô era avô de fazer de comer, de pegar e guardar frutas para mim. Era antes de mais nada um trabalhador, trabalhou até o último dia, trabalhou até se ver abandonado por suas forças e não chorou a morte, mas nunca a esperou, não obstante as privações e as muitas sacanagens da vida, ele a adorava.
Meu vô morreu e eu não vi, mas disso não faço caso, não gosto de ver morte: mas eu não disse nada a ele; meu vô se foi e não me resta na memória minhas últimas palavras a ele, não fui consolar minha mãe, minhas tias, não fui de ajuda. O meu Vô se foi... e só agora eu choro...

Resolvi chorar por meu vô, por minhas todas dores e por mim... resolvi chorar o que não sei, decidi chorar pelo que não sei compreender. Meu olhos, hoje neste ocaso, anuviados, não guardavam nada, só vertem.
Acho que o choro é o grito dos fracos... a um forte é permitido chorar, mas ele não usa de sua permissão... aos fracos o choro é mais uma indelicadeza para com a vida.

Sofrer é dor solitária... (Trechos de uma carta)

(...) Sabes, eu acho, hoje mais que ontem, que o sofrimento é pena solitária. Acho muito mesmo. Não importa o quanto digamos que somos capazes de compreender a dor de outrem, simplesmente não a compreendemos. Há momentos que dentro de mim ponho-me a rir quando ouço as frases: "eu sei pelo o que estas passando!" ou "compreendo tua dor!" ou ainda, "eu já passei por isso, sei como é, te compreendo"; todas estas frases são sem sentido.
Uma dor é sempre particular, podemos ter uma idéia, uma idéia que, se permitisse nossa vaidade, seria bem vaga e desfocada, da dor que o outro sente; mas, é improvável ter uma idéia precisa.
Contudo, doer sozinho é ruim, dói mais; mesmo sento impossível "compartilhar a dor", é legal ter alguém que nos impeça de morrer.
Muitas vezes, sem o saber, me impedistes de morrer. Me fizestes perceber que morrer, na maioria das vezes, nem era uma opção para parar de doer, mas para fazer doer aos outros a minha dor.
Minha dor maior é a solidão... a solidão é minha maior dor, como a inveja é meu maior pecado. Mas ao posto que a inveja não é uma escolha, a solidão na maioria das vezes o é. Escolho ficar só e justifico não querer pesar aos que me rodeiam, mas acho que escolho ficar só, para que os que me amam sintam-se abandonados por mim, como eu me sinto abandonado pelo mundo. É impressionante isso...
Eu queria que o mundo gritasse que me compreende, eu queria que o mundo, penalizado por minha situação, agisse, pois eu não consigo, não quero conseguir... eu queria entender a diferença entre o "não quero" e o "não consigo".
Querida, as coisas são claras na minha cabeça... são claras mesmo. Eu sei o que quero, sei o que seria necessário... mas nada faço...
Acho que recebo mais do que mereço, mas quero merecer mais.
Já te falei sobre minha incompetência em viver... pois sim, eu me convenço dela a cada dia. Sabes, todos devem ter certas competências, todos devem ter força para fazer algumas coisas imprescindíveis... essa força é inata, todos a temos, salvo em casos patológicos, e eu a uso para outros fins. A força natural que a vida me dá eu uso para ficar mal... (...)

9.2.09

Sem Peixe... sem Nada...

Você já deve ter ouvido a frase: “não se deve dar o peixe, mas sim a vara e ensinar a pescar!”. Eu já a ouvi, eu já a disse.

Estes dias eu parei para pensar nela, na frase, é estranho que uma simples frase diga tanto sobre uma sociedade.

As pessoas que oferecem a vara, anzol e isca, não olham para aquele que deverá pescar, ao contrário, em seu altruísmo “ignóbil” elas olha somente para seu bravo ato. Às vezes até se dispõem a mais, resolvem “ensinar a pescar”. Percebam que na maioria das vezes esse ato de bondade é feito “com gosto”, com “boa vontade”, mas muitos destes mestres da pescaria esquecem-se de simplesmente olhar o outro...

Há momentos, e circunstâncias, em nossa vida que não é que NÃO QUEREMOS, É QUE NÃO CONSEGUIMOS; há momentos em que não há força, não resta “vontade”, independentemente de nossa vontade, simplesmente não temos forçar. Neste momento não adianta ninguém com seu altruísmo que nos chegue com técnicas inovadoras para pegarmos peixes dourados, não há rede ou vara que ajude, não há forças.

Há momentos em que precisamos é do peixe. O peixe nos daria força, nos reanimaria e seria mais fácil aceitar os apetrechos da pesca. Mas receber o peixe implica ser ouvido, significa ser parte, é uma humildade dupla: a pessoa que recebe tem que saber que esta precisando e que aquele peixe é caridade sim, mas que é uma caridade para alguém que de fato necessita; do outro lado a pessoa que oferece tem que saber-se humilde para não sobrepujar o outro e que a caridade feita não seja humilhante, mas antes de mais nada quem dá o peixe tem que fazer isso pelo outro, não por si... dando a vara, isca e anzol, a pessoa pode mostrar-se “mais” útil, pode mostrar-se mestre, doador, dando os apetrechos a pessoa tem como esperar um resultado, pois pode ficar observando ou ensinando se vai dar certo, se vai haver pescaria... em havendo pescaria torna-se partícipe. Dando o peixe, não há o que esperar além de ver o irmão, pois não será só um necessitado, recuperando as forças. Recuperadas as forças não há como prever se o que recebeu o peixe vai querer pescar, pois precisávamos somente recuperar as forças. Tudo fica no campo do outro... alimentado e com forças, somos todos iguais, ao passo que uns com peixes, mas que só se desfazem das iscas, são mestres ante necessitados.

Dar o peixe não é fácil, mas receber tampouco.

2.2.09

di Maurizio Matteuzzi - BELÉM Ritorno IN AMAZZONIA

A BELEM IL «GRANDE» FORUM
Il Forum sociale mondiale torna agli incontri globali e alla sua terra d'origine, il Brasile. Aperto da un grande marcia sotto la pioggia, affronterà le crisi che scuotono il pianeta con la consapevolezza di «aver avuto ragione». Oggi il confronto con i cinque presidenti «amici»
Ogni giorno più o meno alla stessa ora, qui a Belém arriva «la pioggia delle tre», una manna che allevia un poco il calore umido dei tropici che soffoca la città tutto l'anno, estate e inverno. Martedì pomeriggio ha tardato un poco ed è arrivata alle quattro, l'ora fissata per la partenza della marcia che ha inaugurato il nono Forum sociale mondiale. Era fissata alle quattro proprio per sfuggire alla pioggia delle tre. Un acquazzone terrificante che per almeno mezz'ora ha aperto le cateratte sul fiume di popolo colorato e allegro del Brasile e del mondo arrivato fin qua da 150 paesi. Ma nessuno se n'è accorto degli 80, 90, 100000 - il numero importa ma allo stesso tempo non importa, perché erano tanti - che si preparavano a partire, bagnati fino alle ossa. Anzi, visto che tardava e faceva un gran caldo, alcuni degli indigeni, protagonisti della marcia e del forum che non per caso si svolge in Amazzonia, hanno improvvisato una danza della pioggia subito assecondata dai loro dèi. Anche se per la verità in questa occasione gli indigeni e i loro dèi non hanno dovuto fare grandi sforzi. Così, inzuppata e felice, la marcia è partita dalla Estação das Docas, nella zona del porto sul fiume, dove i vecchi capannoni in ferro battuto inglese ospitano ora, dopo essere stati restaurati, ristoranti costosi e a buon mercato in cui si possono gustare l'infinita varietà dei pesci dai nomi indiani del grande Amazonas e dei suoi affluenti - jaraqui, pacu, tambaqui, surubí, pirarucu, tambauqui, tucunaré, di solito serviti con pirão e tucupí, un puré e una salsa a base di manioca... Passata la Praça da República, il cuore della città, davanti al Teatro da Paz con le sue strutture neoclassiche che ricordano alla lontana il favoloso Teatro Amazonas di Manaus, è entrata nella avenida Nossa Senhora de Nazaré. Una fiumana di gente, di varia umanità, di bandiere, di colori della pelle e delle bandiere, di striscioni - uno lungo decine di metri con il nero, il bianco, il verde e il rosso della bandiera palestinese portato da molti della numerosa presenza italiana. Naturalmente i più vistosi e fotografati erano le folte schiere degli «indios» brasiliani e amazzonici - ma sono arrivati a migliaia anche dagli altipiani andini della Bolivia, del Perú, dell'Ecuador, - che sfilavano dipinti e compatti: forse per una volta non sono e non si sentono solo oggetto di folclore - sarebbe il fallimento del Forum - con cui farsi fotografare e da immortalare dalle telecamere (dicono ci siano almeno seimila giornalisti, anche se la copertura mediatica dei grandi media internazionali e brasiliani, come la famosa e pessima Rede Globo, è molto striminzita). Come sempre e come si conviene a un evento di questo tipo, momenti di incontro, di protesta, di festa, di proposta, di affermazione politica, sindacale, etnica, umana, c'era e si è visto di tutto. Dalla crisi economica globale all'aggressione israeliana contro i palestinesi, dall'economia solidale ai diritti dei popoli originari, dalle bandiere cubane a quelle delle parrocchie cattoliche, dai marxisti-leninisti duri che invocano la «reolução» agli ottimi agli ecologisti in bicicletta, dalle «streghe» che invocano la depenalizzazione dell'aborto (che in Brasile è ancora reato e provoca stragi fra l'infinità di donne dei ceti più bassi) ai luterani, dalle lesbiche vestite in bikini leopardati ai movimenti dei «senza casa», dai «senza terra» che reclamano da Lula la promessa (e non mantenuta) riforma agraria ai verdi, dai trozkisti della Quarta internazionale a urlare che «dalla crisi capitalista si esce con un mondo socialista» a tardohippies made in Usa sovente accompagnati dai figli, da europei di mezza età e di ceto medio ad arrabbiati sottoproletari delle disgregate periferie urbane del Brasile. Poi tanti, tantissimi preti e suorine di quelli che piacciono tanto a noi: i Padri della consolata e la nerissima suor Paolina arrivata dalla Nigeria, quel frate in saio francescano e al collo una kefia palestinese. Spesso fianco a fianco con i marxisti, con le lesbiche, con gli atei incalliti. Ma soprattutto - e bellissimo - in quella fiumana spessa che avanzava, c'erano un'infinità di giovani e giovanissimi, segno che la politica (perché questa è politica piena) non è solo, come sempre più spesso sembra in Italia e forse in tutto il mondo sviluppato e «civilizzato», roba da vecchi. Il tutto, visto che siamo in Brasile e il sacro carnevale si avvicina, accompagnato dal ritmo battente e ossessivo dei tamburi, la batucada. E soprattutto, da una consapevolezza nuova che non c'era nelle marce e sfilate delle precedenti edizioni del Forum sociale mondiale: la consapevolezza di «avere avuto ragione» nella denuncia contro la natura criminale e omicida del mondo neo-liberista e nella «resistenza» contro quel mondo alla ricerca, forse a volte confusa, di «un altro mondo possibile». Ora, con il crack globale che angustia il pianeta senza eccezioni, quel mondo simbolicamente riunito a Davos - dove lorsignori hanno dovuto perfino rinunciare al caviale con champagne - è crollato. E il nuovo mondo è davanti a loro, quelli che marciavano e gridavano lungo la avenida di Nossa Senhora de Nazaré della sperduta Belém do Pará, anche se è un mondo ancora «incognito». E' simbolico il fatto che quel mondo «incognito» lo si cerchi proprio qui, nel vecchio «nuovo mondo» che almeno per gli ultimi trent'anni almeno del '900 era stato scelto come laboratorio sperimentale del mercato più selvaggio. Un mondo che certamente non è dietro l'angolo a portata di mano e dovrà essere ancora cercato e conquistato con infinita pazienza e grandi sofferenze. Ma il cuore di quel mondo era lì, sotto la pioggia e il sole di Belém ed è qui, in Amazzonia, una regione che è insieme l'inferno e il paradiso. «In Amazzonia il punto di non ritorno è vicino - dice Gilvan Sampaio dell'Istituto nazionale brasiliano per le ricerche spaziali che controlla dal satellite l'avanzata della deforestazione -.Se un altro 30% della foresta sarà distrutta, questo eco-sistema cesserà d'esistere, rimpiazzato da un altro, un'immensa savana». E al ritmo attuale, nel 2050 la metà degli alberi sarà sparita. Il disastro finanziario di oggi è solo l'annuncio del disastro ambientale di domani. Dopo la marcia di martedì, è cominciato il Forum sociale mondiale vero e proprio. Ieri era il giorno della «Pan-Amazzonia» e dei «500 anni della resistenza indigena», oggi sarà il giorno in cui i cinque presidenti «amici», il brasiliano Lula, il venezuelano Chávez, il boliviano Morales, l'ecuadoriano Correa e il paraguayano Lugo, incontreranno il Forum. Non sarà un pranzo di gala.

28.1.09

Una sola umanità...


Ieri sono stato nella marcia d'apertura del Social Forum... ed è stata ME RA VIG LIO SO.

Non ci sono razze, e pure vedo bianche, neri, indigeni; non ho sentito un discorso religioso, ma erano presente i cattolici, i protestanti, gli umbandisti, buddisti, induisti ecc.; non una causa, una lotta in particolare, pur che tutti sono qui perché un mondo migliore lo vogliono. Nella marcia era possibile vedere la nipotina con il suo nonno per dire che non esiste una eta adatta per sognare. A Belém c'è un pezzo di umanità, che rappresenta tutta l'umanità. Tanti colori, tanti volti diversi... ma sempre la stessa umanità...

Non sono un che crede nelle conquiste di questo Forum (Quelli a Davos posso cambiare qualcosa, questi a Belém possono chiedere di cambiare, se la sognano), ma sono uno che crede negli uomini, dopo che o lasciato la credenza nel divino, nel sopranaturale, restami credere all'umanità. Che può si, cambiare il suo futuro, cosciente del suo passato ed attento al suo presente.

Devo sembrare troppo idealista, troppo poetico... anche irreale... può darsi. Ma ho visto quello in che credo, moltissimo vicino a me, ho avuto un'epifania e sicuramente mi sono emozionato.

Vedete, non sono un giornalista, sono uno fato prolisso di natura...

Ma andiamo ai fati...

A Belém siamo più o meno 90 mille persone in questo forum... i capi di stato della America del Sud sono qui. Per le strade della mia città ci si senti tutte le voce del mondo... il problema è che non riescono ad essere in unisono. E chi le senti questi che urlano qui a Belém??? In Europa e negli stati uniti non si sa neanche che ci sia questo forum.

Ieri cercavo nelle agenzie internazionale e non c'era niente su questo forum... Reuters, BBC ed altre non pubblicarono niente. Oggi ho trovato, soltanto sul sito brasiliano della Reuter qualche notizia... ma su Davos c'è in prima pagina.

Il Forum di Belém serve per sfogarsi... serve perché i poveri dicano quello che vogliono, quello di chi hanno bisogno... serve per protestare contro il più ed il meno... serve per radunarsi e far vede come siamo belli come umanità... ma per cambiare... bene, mi spiace, però sono senza fiducia...

COMMENTATE
* Le immagine sono di Rafael Maia

27.1.09

Speciale World social forum - In Italiano

Oggi, 27 gennaio comincia ufficialmente il Forum Sociale Mondiale a Belém, la più grande metropoli dell'Amazzonia e perché non dire, la capitale dell'Amazzonia. Il Forum è stato preceduto di altre diverse conferenze, incontri e raduni.
Il forum è un tentativo di discutere in una plenaria con rappresentanza mondiale le condizione di sviluppo dell'umanità, e non solo, ma anche, sentendo le minoranze e la gente più semplice, proporne delle soluzione.
La scelta di Belèm, la principale città dell'Amazzonia, non che una grandissima metropoli mondiale con oltre 2 milioni di abitanti, non è stata una scelta all'accaso. La tematica ecologia, in voga in tutto il mondo, ci tocca da vicino: come svilupparsi senza distruggere la natura? Chi vale di più, un uomo, un albero o pure un bradipo? Ovvio che non cerco di scherzare, e neanche di fare dei paragone assurdi, ma queste questione ci tocca.
la sfida che si affaccia sulle soglie sia della Casa Bianca, del Quirinale, Planalto o pure da qualsiasi centro di potere politico, è consigliare sviluppi sociale, ed economici, con la salvaguardia del patrimonio culturale del pianeta.
Ovviamente che la crisi economica mondiale non sarà trascurata, e per questo sarà un tema scottante però ne sono sicuro che anche qui ci si troverà qualcuno da mettere come colpevole.
Il forum comincerà tra un po' con una marcia che partirà della riva della Baia del Guajará, vicino al centro storico, e finirà nella piazza degli operai (Praça dos operários). Questa marcia pretende essere la più multiculturale mai fata. Io me ne vado adesso per questo avvenimento storico... che mi sta succedendo acanto...

Ciao... a presto...

P.S. Potete seguire anche sul sito www.fsm2009amazonia.org.br le notizie del forum: però in Portoghese, Inglese, Francese e Spagnolo.

25.1.09

Vida moderna... Qual limite?

Não sai do carro, ou sai do carro, diz, em tom imperativo, um conjunto de vozes desconhecidas que chegam de forma ameaçadora. Não se mecha! Passa o celular, passa a bolsa! Fique onde esta!

Continuamente recebemos ordens de quem não apetece dar-nos ordem. Não temos mais total ingerência sobre nossas atividades, sobre nossas ações. O mundo, o nosso mundo, esta tomando um rumo estranho à nossos anseios. Para nossos antepassados juntar-se em cidades foi uma forma de conseguir a sobrevivência com um pouco menos de esforço e com a garantia da segurança. Primitivamente reunir-se em cidade era uma forma de buscar compartilhar a proteção mutua. Com o transcorrer das eras a vida citadina viu o florescer da democracia, do direito, da arbitragem por lei... evoluímos e nos tornamos uma humanidade de cidadãos (habitantes de cidades).

Outrora uma evolução, hoje, no continuo evoluir, a vida em algumas cidades esta nos levando ao limite da barbárie. Nos reunimos em cidades para buscar proteção, hoje nos digladiamos nas cidades. Antes proteção mutua, hoje, ataques mútuos. Estamos sendo forçados "No Limite" de nossas capacidades. Sermos levados ao limite (ou nos levarmos a ele) nos despedaça, nos esfacela, nos sucede um crash, se é que posso assim usar o termo. Estando no limite buscamos culpados, vilões, vítimas, mocinhos, mas só encontramos humanidade, ombro a ombro conosco.

Somos violentos ou nos tornamos violentos? A pouco sugeri a meus alunos que assistissem ao filme "Crash - No Limite" e propus para análise duas questões: Quem são os vilões e os mocinhos do filme e ainda a fase citada por um critico que dizia: "o pior é que crash é um retrato de nossa rotina. Meus alunos tinham dificuldade de indicar vilões autênticos ou mocinhos genuínos, mas facilmente perceberam a verdade presente na frase do crítico, na verdade meus alunos estão sendo levados ao limite. De uma turma de 35 adolescentes, rapidamente contamos: 18 já haviam perdido celulares para o problema social que eles não conseguem analisar ainda. Todos tinham conhecimentos de amigos, parentes ou conhecidos que já haviam sofridos as mais variadas formas de violência. Eles, adolescentes de 12 a 14 anos, que contam ser o futuro, já desenvolveram técnicas "in"falíveis para não sofrerem violência, mas todas as técnicas implicam em limitação de suas liberdades, implicam em desenvolver preconceitos, limites, limites e limites. Aprendem rápido que o importante é se proteger "deles".
Pessoas que não trafegam por esta ou aquela rua neste ou naquele horário. O receio de quem se esta aproximando. A paranóia de ser vitima. Nos reunimos em cidades para buscar a proteção coletiva, hoje moramos nela buscando a proteção individual.